Em tempos de preços altos e alimentação industrializada, um movimento silencioso e verde vem ganhando força em Campos dos Goytacazes. Hortas comunitárias, comerciais e até pedagógicas estão ocupando espaços antes ociosos e transformando terrenos públicos em renda, saúde e consciência ambiental.
Segundo a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca, já são 22 hortas comerciais cadastradas pelo Programa Agricultura Urbana, além de iniciativas em escolas e centros comunitários. É o caso de Ernandes dos Santos Filho, de 62 anos, que cuida de uma horta no Turf Club. Ele cultiva coentro, cebolinha, couve, alface e outras hortaliças, vendendo em feiras e mercados locais. “É um trabalho digno, e além de garantir a renda, a gente se alimenta melhor. A terra dá se a gente cuidar”, conta.
Na orla do Farol de São Thomé, a horta comunitária organizada por moradores tem aproximado vizinhos e despertado o interesse de jovens e crianças. “Aqui a gente aprende junto e planta junto. É educação na prática”, diz Maria Aparecida, professora e voluntária no projeto.
Outro ponto forte dessa revolução verde está na academia. A Universidade Federal Fluminense (UFF), por meio de um projeto de extensão coordenado pelo campus local, tem atuado em ações estratégicas para ampliar e divulgar as hortas urbanas na cidade. A proposta é incentivar práticas sustentáveis, ensinar agroecologia e criar uma ponte entre universidade e comunidade.
Além dos benefícios econômicos e sociais, há ainda o impacto na alimentação. Ao plantar, cuidar e colher, muitos moradores estão se reconectando com o que consomem, reduzindo o desperdício e ganhando qualidade de vida.

De pequenos quintais a terrenos baldios transformados em canteiros vivos, Campos assiste a uma nova forma de produzir: mais consciente, mais próxima e com o sabor da própria terra.