Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), UFRJ e Uerj confirmaram que os micro e nanoplásticos estão presentes em praticamente todos os ambientes e até no organismo humano. O levantamento, que reuniu dados de 140 estudos realizados no Brasil e em outros países, aponta a presença dessas partículas em alimentos, água, ar e até tecidos humanos, de norte a sul do país.

Segundo o professor Vitor Ferreira, do Instituto de Química da UFF, os plásticos — embora não sejam biodegradáveis — se degradam com o tempo, fragmentando-se em micropartículas e nanopartículas. Essas partículas acabam contaminando água, solo e ar, entrando na cadeia alimentar. “Até a água que a gente bebe tem micro e nanoplásticos”, afirma o pesquisador, que liderou o estudo financiado pela Faperj e pelo CNPq.

As análises detectaram a presença dessas partículas em alimentos como açúcar, sal, mel, peixes e frutos do mar. Animais contaminados já foram encontrados da Amazônia ao Rio Grande do Sul. Além da ingestão, também há contaminação pela respiração e pela pele.

Estima-se que cada pessoa consuma entre 39 mil e 52 mil microplásticos por ano, podendo chegar a 121 mil quando considerada a inalação. Há registros dessas partículas em pulmões, boca, corrente sanguínea e até em placentas e cordões umbilicais.

Os cientistas ainda investigam os efeitos diretos na saúde humana, mas já há indícios preocupantes. Um estudo clínico citado pela equipe detectou microplásticos em 60% dos coágulos arteriais analisados.

Ferreira defende medidas urgentes de mitigação, como o fortalecimento da reciclagem e ações coordenadas entre governos e indústrias. Ele lembra que a ONU tenta desde 2022 firmar um tratado global contra a poluição plástica, mas as negociações seguem paralisadas.

📄 Com informações da Agência Brasil
📸 Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

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