A professora Luciane Soares da Silva, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), foi suspensa por 30 dias após a conclusão de um processo administrativo que a acusou de afixar cartazes nas dependências da reitoria. A docente nega a acusação e denuncia que é vítima de perseguição política e institucional, sem que haja qualquer prova concreta de sua participação nos fatos.
O episódio teve início em julho de 2024, quando Luciane foi questionada formalmente sobre o projeto de extensão que coordena, a Web Rádio Maíra. No dia seguinte, surgiram denúncias sobre cartazes com críticas à gestão universitária e supostos casos de assédio, que teriam sido afixados na reitoria. A reitora Rosana Rodrigues afirmou que câmeras de segurança teriam registrado imagens da ação, mas nenhuma imagem foi divulgada.
Apesar de a primeira sindicância não ter comprovado a autoria dos cartazes, um segundo processo disciplinar foi aberto, resultando na suspensão da professora, mesmo sem novas provas. A docente, que já presidiu a Associação dos Docentes da Uenf (Aduenf), afirma que o processo foi marcado por irregularidades, uso de dados sensíveis de estudantes e violação do direito à ampla defesa.
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) acompanha o caso desde 2024. Segundo Caroline Lima, da Comissão Nacional de Enfrentamento à Criminalização e Perseguição Política a Docentes, o processo é repleto de nulidades e falhas. “Não há provas. Apenas indícios frágeis e exposições públicas que sugerem tentativa de criminalização política”, destacou.
A Comissão e o sindicato anunciaram uma série de encaminhamentos, incluindo a solicitação de reunião com a reitoria da Uenf, elaboração de nota de repúdio e lançamento de uma campanha local contra a violência institucional. O caso também reacende o debate sobre liberdade de cátedra, racismo institucional e o uso de medidas disciplinares para silenciar críticas nas universidades públicas.