A preocupação com os casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas tem mobilizado cientistas em todo o país. Em resposta à crise que já soma 113 notificações registradas pelo Ministério da Saúde, pesquisadores de universidades públicas brasileiras estão desenvolvendo e oferecendo métodos de detecção capazes de identificar, em poucos minutos, a presença da substância tóxica.
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear abriu as portas para o público, oferecendo gratuitamente o exame de bebidas alcoólicas mediante agendamento. De acordo com o professor Kahlil Salome, vice-coordenador do laboratório, o processo é simples e rápido:
“Usamos o mesmo princípio da ressonância magnética médica. Em apenas cinco minutos conseguimos detectar a presença de metanol com algumas gotas da bebida”, explicou à Agência Brasil.
O método identifica no gráfico do equipamento uma linha específica que indica a presença da substância — mesmo em líquidos com corantes ou frutas. Segundo o pesquisador, a iniciativa reforça o papel das universidades públicas como aliadas da sociedade em momentos críticos.
Outro destaque vem da Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde cientistas do Instituto de Química de Araraquara desenvolveram um método patenteado de identificação de metanol. A técnica utiliza reagentes que mudam a coloração da solução em cerca de 15 minutos, tornando a análise acessível e eficiente.
Já na Universidade de Brasília (UnB), uma pesquisa iniciada em 2013 deu origem à startup Macofren, que comercializa kits de detecção utilizados por empresas privadas e órgãos públicos. O exame custa em torno de R$ 25 por teste e pode ser feito com apenas 1 ml de amostra.
O químico Arilson Onésio Ferreira, responsável pelo desenvolvimento, alerta que apenas 30 ml de metanol podem ser letais e reforça a importância da prevenção:
“O falso positivo pode acontecer, mas o falso negativo jamais. Identificar a contaminação é salvar vidas.”
As iniciativas reforçam o papel da ciência brasileira como linha de frente na proteção à saúde pública e no combate à adulteração de bebidas que já provocou mortes em diferentes estados.
📍Com informações da Agência Brasil
📸 Foto: Fábio Rodrigues / Agência Brasil

