Uma quadrilha especializada em fraudes no sistema de transporte público intermunicipal está na mira da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Nesta terça-feira (27), a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) deflagrou a Operação Caronte, que investiga permissionários de vans acusados de simular viagens e desviar milhões de reais dos cofres públicos através do programa Bilhete Único Intermunicipal.
Os alvos da operação são empresas e residências de suspeitos localizados na Baixada Fluminense e no Rio. Ao todo, foram expedidos nove mandados de busca e apreensão. O trabalho conta ainda com apoio do Detro para identificar uso de veículos roubados no transporte de passageiros.
O esquema fraudulento envolvia linhas que operam entre Guapimirim, Magé, Piabetá, Raiz da Serra e o Centro do Rio. Os investigadores descobriram que, utilizando cartões RioCard e o sistema de bilhetagem eletrônica, os envolvidos simulavam dezenas de passagens por hora em vans com apenas 15 lugares. Em alguns casos, mais de 30 validações de passagens eram feitas em apenas uma hora, sem transportar um único passageiro.
Segundo o inquérito, a organização criminosa era bem estruturada: havia divisão de tarefas, ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e empresas de fachada que recebiam os repasses falsificados. Estima-se que o prejuízo anual causado pelo grupo possa alcançar dezenas de milhões de reais.
— Esse tipo de fraude lesa diretamente o cidadão. É dinheiro que deveria subsidiar o transporte de quem precisa, e acaba indo para contas bancárias de criminosos. Não vamos permitir isso — afirmou o governador Cláudio Castro.
A investigação, que já dura meses, contou com depoimentos, cruzamento de dados, rastreamento de rotas e colaboração com órgãos como o Coaf e o LAB-LD da Polícia Civil. Um dos principais investigados movimentou mais de R$ 1,2 milhão em seis meses — incluindo R$ 259 mil em dinheiro vivo.
Além das fraudes com bilhetagem, os suspeitos também estariam ligados a cooperativas de fachada e teriam atuado em esquemas no setor de combustíveis anteriormente.
A operação busca apreender documentos, aparelhos celulares, mídias digitais, veículos de alto valor, joias e arquivos armazenados em nuvem, que possam comprovar o funcionamento do esquema.
— Desmantelamos mais uma organização que vinha drenando recursos públicos. Seguiremos firmes para proteger o interesse da população fluminense — reforçou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
Foto: Reprodução TV Globo