Investigação aponta que namorada virtual do autor da chacina em Itaperuna instigou o crime: “Planejamento frio e completo desprezo pela vida humana”
O delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (1º), em Campos dos Goytacazes, para revelar avanços na investigação sobre o caso que chocou o país: o assassinato de um casal e de uma criança de 10 anos cometido por um adolescente de 14 anos, filho e irmão das vítimas.
Segundo o delegado, as autoridades chegaram à conclusão de que o crime foi articulado a partir de conversas com a namorada virtual do garoto, uma adolescente de 15 anos, residente no município de Água Boa, no Mato Grosso. A jovem é apontada como participante ativa do planejamento e instigadora dos assassinatos. O relacionamento entre os dois acontecia de forma intensa pelas redes sociais, com perfis falsos inspirados em personagens violentos, como “John Wick”.
“Ela o pressionava constantemente, incitava a execução dos assassinatos, e inclusive participava das etapas do planejamento, das ideias de como sumir com os corpos e encobrir os crimes”, afirmou o delegado.
As conversas analisadas pela polícia revelam um nível assustador de frieza. Os adolescentes falavam sobre esquartejar os corpos, queimá-los e até alimentar porcos com os restos mortais das vítimas. “É um completo desprezo pela vida humana”, reforçou Carlos Augusto.
A motivação teria sido uma mistura de emoção e ganância. Os pais do garoto não permitiam que ele viajasse para encontrar a namorada, o que teria funcionado como o gatilho. Além disso, o adolescente demonstrava interesse em vender bens da família, como o carro (avaliado em R$ 60 mil) e a casa (avaliada em R$ 300 mil), com a intenção de financiar o encontro.
Outro elemento apurado é a influência de jogos com conteúdo extremo. Os dois jovens se identificavam com personagens do game “The Coffin of Andy and Leyley”, que retrata incesto e assassinato familiar. O jogo já foi proibido em diversos países.
A adolescente suspeita já foi ouvida em Mato Grosso, e dispositivos como notebook e celular foram apreendidos e serão analisados pela Delegacia de Crimes Cibernéticos (DECAV), com apoio do CyberLab, do Ministério da Justiça.
“Estamos diante de um caso extremo, que ainda pode revelar mais detalhes sobre o envolvimento da adolescente e, possivelmente, de outras interações perigosas com jovens pela internet. A apuração continua”, concluiu o delegado.
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