Uma visita rara e ilustre chamou a atenção de moradores e visitantes da praia do Farolzinho, em Campos dos Goytacazes, no último domingo (7). Um elefante-marinho-do-sul (espécie Mirounga leonina) apareceu descansando na areia, após ser trazido por uma frente fria acompanhada de uma forte massa polar.
O animal, um macho subadulto com cerca de 3 metros de comprimento, está sendo monitorado por equipes do GEMM-Lagos (Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos) e do Instituto BW (IBW). A ação faz parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Campos e do Espírito Santo (PMP-BC/ES), exigência do licenciamento ambiental federal conduzido pelo IBAMA.
Segundo o biólogo Salvatore Siciliano, coordenador do GEMM-Lagos, o animal aparenta estar saudável e em uma fase natural de descanso. “Eles chegam à costa para tomar sol, descansar ou passar pelo processo de muda de pele. O mais importante é que a população não se aproxime e respeite o espaço do animal”, destaca.
A veterinária Paula Baldassin, vice-presidente do Instituto BW, reforça que o elefante-marinho está sendo acompanhado pelas equipes técnicas e não apresenta sinais de sofrimento. “Qualquer interferência humana pode causar estresse ao animal. É essencial manter distância e permitir que ele retorne ao mar no seu tempo”, afirma.
Espécie rara no litoral brasileiro
Com população global estimada em mais de 700 mil indivíduos, os elefantes-marinhos-do-sul se concentram principalmente nas colônias da Patagônia argentina e da Ilha Geórgia do Sul. No Brasil, são visitantes ocasionais e a presença nas praias fluminenses é considerada incomum.
De acordo com o GEMM-Lagos, o exemplar observado no Farol de São Thomé pertence à fase subadulta 2 — ainda não reprodutiva — e sua aparição reforça a importância do monitoramento constante das praias da região.
Cuidados ao encontrar animais marinhos
O Instituto BW reforça os cuidados em casos de avistamento de animais marinhos na areia:
Não se aproxime nem tente tocar no animal;
Evite presença de cães ou curiosos no local;
Não tente devolvê-lo ao mar;
Isole a área e aguarde a equipe especializada.
A população pode acionar o serviço de monitoramento pelo número 0800 991 4800.
O Instituto BW atua desde 2020 com foco na conservação da fauna marinha, educação ambiental e reabilitação de animais selvagens. Já o GEMM-Lagos, fundado em 1999, desenvolve pesquisas voltadas à conservação de mamíferos, aves e répteis marinhos da costa fluminense.