A sessão da Câmara Municipal de Campos desta terça-feira (16) foi marcada por tensão, trocas de acusações e um debate intenso sobre a realidade socioeconômica do município. A polêmica começou com a proposta do vereador Cabo Alonsimar (PDT), da base governista, de conceder Moção de Aplausos ao prefeito Wladimir Garotinho (PP) e à Secretaria de Desenvolvimento Social. O argumento foi o desempenho apontado em números oficiais do Caged, que registraram mais de 3 mil empregos formais criados nos últimos seis meses e 17.510 carteiras assinadas em cinco anos.
Enquanto a base via na proposta um reconhecimento legítimo, a oposição reagiu com críticas duras. Rogério Matoso (Solidariedade) ironizou os dados, questionando “se a pesquisa foi feita na casa do prefeito” e lembrando da instabilidade dos servidores comissionados, que vêm sendo desligados em série. Já Silvinho Martins (MDB) reforçou que estatísticas do Caged não contemplam cargos comissionados, portanto não refletem a realidade de parte significativa da mão de obra no município.
O vereador Maicon Cruz (PSD) trouxe comparações que acirraram ainda mais o debate: Campos, com 519 mil habitantes, conta com apenas 85 mil empregos formais, ou seja, um a cada sete moradores. Além disso, 215 mil pessoas vivem em extrema pobreza e dependem de programas sociais como Bolsa Família e CadÚnico. Em contraste, São João da Barra, com 37 mil habitantes, possui 15 mil empregos formais; e Macaé, com quase metade da população campista, ostenta 144 mil vagas. Para ele, a moção simboliza uma tentativa de “maquiagem estatística”, diante de um município que figura entre os piores índices de progresso social em cidades com mais de 500 mil habitantes.
A sessão ganhou contornos mais ríspidos quando Matoso acusou a proposta de ter sido enviada pelo governo, o que irritou Cabo Alonsimar. Em resposta, o vereador da base chamou o colega de “frouxo” por, segundo ele, não ter questionado o deputado e presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, quando houve cortes nos repasses da saúde estadual. O contra-ataque veio imediato: Matoso classificou Alonsimar como “baba-ovo” e “puxa-saco”.
Diante da escalada de ânimos, o presidente Fred Rangel (PP) interveio solicitando a retirada das expressões da ata e pedindo manutenção do decoro parlamentar. Apesar disso, vereadores da base reforçaram apoio a Cabo Alonsimar, reafirmando a defesa da moção em favor do prefeito.
O episódio expôs, mais uma vez, a divisão na Casa entre base governista e oposição, e trouxe à tona a distância entre indicadores oficiais e os desafios enfrentados no dia a dia por milhares de campistas.
Com informações do Leandro Nunes

